Maria, a Maior Educadora da História


Educar é viajar pelo mundo do outro sem nunca penetrar nele. É usar o que passamos para nos transformar no que somos.


O melhor educador não é o que controla, mas o que liberta. Não é o que aponta os erros, mas o que os previne. Não é o que corrige comportamentos, mas o que ensina a refletir. Não é o que enxerga o que é tangível aos olhos, mas o que vê o invisível. Não é o que desiste facilmente, mas o que estimula sempre a começar de novo.

O excelente educador abraça quando todos rejeitam, anima quando todos condenam, aplaude os que jamais subiram no pódio, vibra com a coragem de disputar dos que ficaram nos últimos lugares. Não procura o seu próprio brilho, mas se faz pequeno para tornar seus filhos, alunos e colegas de trabalho grandes.

O excelente mestre não é o que mais sabe, mas o que mais tem consciência do quanto não sabe. Não é o viciado em ensinar, mas o mais ávido em aprender. Não é o que declara os seus acertos, mas o que reconhece suas próprias falhas. Não é o que deposita informações na memória, mas o que expande a maneira de ver, de reagir e de ser.

Educar é a tarefa intelectual mais fascinante e, ao mesmo tempo, a que mais revela nossa impotência. Se educar uma criança ou adolescente é uma incumbência

dificílima, imagine educar a criança mais instigante que pisou nesta terra, o menino Jesus?

Que educador daria conta dessa missão? Desde pequeno ele era especialista em perguntar. Questionava, indagava, queria saber tudo. Quem estaria intelectualmente preparado para educar aquele que se tornaria o Mestre dos mestres? Que pais? Que universidade? Que teólogos? É tão fácil errar nessa área. É tão fácil transmitir nossos traumas, inseguranças, medos, manias para nossos filhos e alunos.

Havia milhares de candidatos. Mas uma jovem destacou-se diante do olhar clínico apuradíssimo do Autor da existência. Seu nome: Maria. Maria é a forma helenizada do nome hebraico Miriã.

Mas é estranho. Maria aparentemente era frágil, muito jovem e inexperiente. O que ela tinha de tão especial do ponto de vista psiquiátrico, psicológico e psicopedagógico?

E mais estranho ainda. Antes de iniciar sua arriscadíssima e dificílima missão, ela previamente recebeu a notícia de que se tornaria a mais elogiada mulher da História. Receber o trofeu antes de iniciar a corrida não contaminaria de orgulho o esportista? Não o distrairia da sua meta e frustraria sua jornada? Por que foi depositada nela tanta confiança?

Sob o olhar da ciência é possível vislumbrar que muitas coisas no relacionamento de Maria com o Deus Altíssimo e com o menino Jesus romperam o cárcere da rotina. Foi inusitado.

Por que o Deus Todo-Poderoso descrito na Bíblia não escolheu um grupo de notáveis intelectuais entre os escribas e fariseus para educar seu filho? Por que não incumbiu uma casta de sacerdotes judaicos, que conhecia os rituais religiosos, para educar o menino Jesus? Por que não escolheu especialistas em filosofia grega para formar o homem que dividiria a História?

Uma adolescente foi escolhida. Não era rica, não pertencia a uma linhagem de alta classe e ainda por cima morava numa região socialmente desprezada, a Galiléia.
 
Augusto Cury